Como licenciar casas modulares em Portugal

Por Anna Alves Neres • Publicado em 29 Setembro 2025 • Tempo estimado de leitura: 12 minutos

As casas modulares, também conhecidas como casas pré-fabricadas ou casas móveis, estão a ganhar cada vez mais destaque em Portugal. A promessa de construção rápida, preços mais acessíveis e soluções chave na mão faz com que sejam cada vez mais vistas como uma alternativa viável às habitações tradicionais. No entanto, muitos futuros proprietários ainda desconhecem os requisitos legais que acompanham este tipo de construção.

O licenciamento é um passo obrigatório e essencial para garantir que a casa modular cumpre todas as normas de segurança, urbanismo e sustentabilidade. Assim como acontece com as moradias convencionais, a instalação de uma casa modular precisa da aprovação da Câmara Municipal do concelho onde será erguida. Ignorar esta etapa pode trazer consequências sérias, como multas, ordens de demolição ou até a perda de benefícios fiscais.

Neste artigo, vamos explicar de forma prática como funciona o processo de licenciamento de uma casa modular em Portugal, quais os documentos exigidos, em que difere de uma habitação tradicional e que apoios públicos podem estar disponíveis para quem optar por este tipo de solução.

O licenciamento de casas modulares em Portugal é obrigatório e segue regras semelhantes às construções tradicionais. Descubra quais licenças precisa, os custos médios, os prazos de aprovação pela Câmara Municipal e os requisitos legais essenciais para ter a sua casa modular pronta a habitar.
Casas modulares temporárias nos subúrbios de Lisboa, associadas ao licenciamento obrigatório em Portugal.

Quanto Custa uma Casa Modular?

O preço de uma casa modular em Portugal pode variar bastante. Tudo depende da tipologia, dos materiais usados, dos acabamentos e também das personalizações escolhidas. Em média, o custo por metro quadrado fica entre 800€ e 1.500€.

Para ter uma ideia mais clara, veja alguns exemplos:

  • Casa modular T2 (60 a 80 m²): entre 48.000€ e 120.000€
  • Casa modular T3 (100 a 120 m²): entre 80.000€ e 180.000€

Se procura algo mais económico, também há casas modulares usadas, que começam a partir de 30.000€. Claro que os preços podem aumentar conforme a qualidade dos materiais, o tipo de isolamento, o design e os extras escolhidos, como painéis solares ou um deck exterior.

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Algumas empresas ainda oferecem soluções “chave na mão”, o que significa que entregam a casa pronta a habitar. Nesse caso, os valores podem chegar facilmente aos 300.000€ ou mais, dependendo do projeto e das personalizações.
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Se está à procura das melhores casas modulares em Portugal, saiba que há várias opções no mercado. Empresas como a KITUR Casas Modulares apresentam diferentes modelos e preços, o que ajuda a ter uma ideia clara dos custos antes de investir.

Também pode encontrar alternativas em plataformas como o OLX Casas Modulares, onde há opções novas e usadas, ideais para quem procura uma solução mais acessível. É possível escolher desde modelos compactos até casas modulares T3, sempre ajustando ao seu orçamento e às suas necessidades.

Licenciamento de casas modulares em Portugal

A legislação portuguesa, através do Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação (RJUE), estabelece que qualquer construção fixa no solo precisa de licença prévia. Isto inclui casas em madeira, pré-fabricadas e modulares, mesmo que tenham características transportáveis.

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Quais são as casas que não precisam de licença?

As casas modulares só estão dispensadas de licença quando são consideradas estruturas temporárias, como contentores de obra ou casas móveis instaladas em parques legalizados. Para fins habitacionais permanentes, o licenciamento é sempre obrigatório.

Principais licenças e requisitos

A instalação de uma casa modular em Portugal, embora mais rápida e eficiente do que a construção tradicional, exige o mesmo enquadramento legal e urbanístico que uma habitação convencional. Para que a moradia seja reconhecida como legal, é necessário cumprir um conjunto de requisitos administrativos, técnicos e ambientais, que variam consoante a localização e as características do terreno. Os principais pontos são:

Licença de construção

A licença de construção é emitida pela Câmara Municipal após a entrega e aprovação do projeto de arquitetura e das especialidades, como estruturas, águas, eletricidade, telecomunicações, térmica e acústica. A submissão do projeto deve estar em conformidade com o Plano Diretor Municipal (PDM) e com os restantes instrumentos de ordenamento do território, que definem se o terreno é urbanizável. Sem esta licença não é permitido iniciar qualquer obra, mesmo que a estrutura seja pré-fabricada.

Licença de utilização

Depois da conclusão da instalação e da vistoria municipal, é emitida a licença de utilização. Este documento comprova que a casa foi construída em conformidade com o projeto aprovado e que está apta a ser habitada. Além disso, é essencial para solicitar contratos de água, luz e gás, assim como para efeitos de registo predial.

Pareceres e condicionantes ambientais

Quando o terreno está inserido em zonas classificadas, como a Reserva Agrícola Nacional (RAN), a Reserva Ecológica Nacional (REN), áreas de proteção ambiental ou zonas de risco (como inundações, incêndios ou erosão costeira), podem ser exigidos pareceres e autorizações adicionais. Dependendo do enquadramento, essas autorizações podem ser emitidas por entidades como a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Direção Regional de Agricultura e Pescas ou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Cumprimento dos códigos técnicos e regulamentares

Tal como acontece com os edifícios tradicionais, as casas modulares devem cumprir as normas técnicas em vigor. Entre elas estão o Regulamento de Segurança e Ações para Estruturas, que inclui as normas sísmicas; os Requisitos Acústicos dos Edifícios; o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação (REH), integrado no Sistema de Certificação Energética (SCE); bem como regras de ventilação, salubridade e acessibilidade. O respeito por estas normas garante maior durabilidade, conforto e sustentabilidade à habitação.

Outras autorizações associadas

Além das licenças principais, podem ser necessárias outras autorizações relacionadas com infraestruturas e acessos. Isto inclui a ligação a redes de abastecimento de água, saneamento e eletricidade ou, em alternativa, a apresentação de soluções autónomas como painéis solares, fossas sépticas ou furos de água, que dependem de aprovação pela autarquia. Após a emissão da licença de utilização, a casa modular pode ainda ser registada como propriedade no registo predial, assegurando o reconhecimento legal junto das Finanças e permitindo a realização de operações de hipoteca ou venda.

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Normas de segurança e sustentabilidade

As casas modulares também estão sujeitas a regras técnicas específicas, como:

  • Regulamento de segurança contra incêndios.
  • Normas de isolamento térmico e acústico (DL 101-D/2020).
  • Regras de eficiência energética, necessárias para atribuir a certificação obrigatória do imóvel.

Processo de candidatura junto da Câmara Municipal

O licenciamento de uma casa modular é solicitado na Câmara Municipal do concelho onde o terreno se encontra. Para a candidatura, é obrigatório entregar um projeto de arquitetura assinado por arquiteto inscrito na Ordem, acompanhado da memória descritiva e dos desenhos técnicos (plantas, cortes e alçados). O processo normalmente exige:

  • Memória descritiva e peças desenhadas (plantas, cortes e alçados).
  • Documentos que comprovem a propriedade do terreno (escritura ou certidão predial).
  • Projeto de arquitetura elaborado por arquiteto inscrito na Ordem.
  • Estudo de impacte ambiental, quando necessário.
  • Projetos de especialidades técnicas (estruturas, águas, eletricidade, telecomunicações).
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Diferenças entre casas modulares e tradicionais

Do ponto de vista legal, não existe uma grande distinção entre casas modulares e convencionais, mas o processo construtivo tem particularidades:

AspetoCasas ModularesCasas Tradicionais
Custos de licenciamentoSemelhantes às construções convencionaisSemelhantes às casas modulares
Valor total da obraTendencialmente mais baixoNormalmente mais elevado
Prazo de licenciamentoMais ágil, pois os módulos já chegam pré-fabricadosMais demorado, por envolver todas as fases de construção no local
Execução da obraMontagem rápida no terreno a partir de módulosConstrução integral no local, etapa por etapa
Regras urbanísticas (PDM)Obrigatório cumprir, tal como nas construções tradicionaisObrigatório cumprir, tal como nas casas modulares
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O prazo médio para concluir o licenciamento varia entre 3 e 12 meses, dependendo da complexidade do projeto e da rapidez da análise feita pela Câmara.

Incentivos e benefícios possíveis

Embora Portugal ainda não tenha incentivos fiscais específicos destinados exclusivamente à construção modular, as casas modulares podem tirar partido de diversos apoios relacionados com a eficiência energética e a sustentabilidade. Em 2025, os principais mecanismos de apoio estão centrados em habitações que apresentem elevado desempenho energético, área em que as casas modulares têm grande potencial.

A elegibilidade destes benefícios depende sempre da localização e das características técnicas da construção.

Benefício / ApoioDescrição
Redução do IMIImóveis com certificação energética classe A ou superior podem ter até 25% de redução no Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). Aplicável a casas modulares com materiais sustentáveis e sistemas eficientes.
Financiamento através do PRRO Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) apoia financeiramente projetos habitacionais que promovem inovação e eficiência energética. Casas modulares com baixo impacto ambiental e energia renovável são elegíveis.
Linhas de financiamento verdeBancos como Bankinter e Caixa Geral de Depósitos oferecem crédito com taxas reduzidas para imóveis energeticamente eficientes (certificação A para novos, e B para usados). Certificações internacionais como LEED e BREEAM também contam.
Benefícios fiscais no IRSDespesas com melhorias energéticas (ex: isolamento térmico, painéis solares) são dedutíveis no IRS. Casas modulares que integrem essas soluções podem beneficiar dessas deduções.
Programas estatais complementaresProgramas como E-Lar (apoio a equipamentos eficientes para conforto térmico) e Bairros+Sustentáveis (isolamento térmico em habitações sociais) facilitam o acesso a apoios, beneficiando casas modulares sustentáveis.

Custos e necessidade de técnicos especializados

O licenciamento envolve vários custos, entre eles:

  • Taxas municipais: variáveis consoante o concelho e a área de construção.
  • Honorários de arquiteto e engenheiros: necessários para a elaboração e submissão do projeto.
  • Custos de licenciamento: em média, podem representar entre 3% e 5% do valor total da casa.
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É recomendável contratar um arquiteto local, já que este conhece em detalhe as regras urbanísticas do município e pode facilitar o processo.

Onde obter informações oficiais

Para quem pretende avançar com o licenciamento, as fontes mais fiáveis são:

  • Câmara Municipal do concelho onde será feita a construção.
  • Portal do Diário da RepúblicaDecreto-Lei n.º 555/1999 (RJUE).
  • Ordem dos Arquitetos e Ordem dos Engenheiros – com listas de profissionais credenciados.

O essencial a saber sobre o licenciamento de casas modulares

Licenciar uma casa modular em Portugal exige o mesmo rigor e procedimentos que uma construção tradicional. Embora envolva custos e prazos, o processo garante segurança, legalidade, valorização do imóvel e até acesso a benefícios fiscais.

As casas modulares são uma solução moderna e prática, mas o licenciamento é um passo inevitável para transformar este projeto inovador numa habitação regularizada, habitável conforme a lei.

Perguntas frequentes (FAQ)

1. Posso pedir financiamento bancário para uma casa modular se o licenciamento ainda não estiver concluído?

Na maioria dos casos, os bancos só aprovam financiamento para casas modulares após o processo de licenciamento estar devidamente validado pela Câmara Municipal. Isso acontece porque o imóvel precisa estar legalizado para que o banco possa registar a hipoteca e garantir a segurança do crédito. Em algumas situações, é possível obter crédito para o terreno ou para a fase inicial do projeto, mas a liberação total do financiamento costuma depender da apresentação da licença de construção.

2. As casas modulares podem ser legalizadas depois de instaladas?

Sim, é possível requerer a legalização, mas o processo é mais complexo e pode implicar multas ou obras de adaptação. O ideal é iniciar o licenciamento antes da instalação para evitar custos adicionais.

3. Quantos anos dura uma casa modular?

A durabilidade é semelhante à de uma casa tradicional. Com a manutenção correta e materiais de qualidade, uma casa modular em Portugal pode ultrapassar os 50 anos de vida útil, garantindo conforto, segurança e excelente relação custo-benefício.

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Anna Alves Neres
Jornalista com especialização em Comunicação Global e mestrado pela Universidad San Pablo CEU, em parceria com o diário El Mundo. Atuo com jornalismo internacional, cobrindo temas globais e narrativas humanas, e também colaboro com o servicopublico.pt.

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